Os serial killers são frequentemente retratados na literatura. Muitos autores exploram a mente desses assassinos em série, tentando entender seus motivos e comportamentos violentos. Há, sem dúvidas, um fascínio duradouro pelo tema, e isso pode ser atribuído a vários fatores. Um deles é a nossa curiosidade em relação à mente humana e ao comportamento criminoso. Além disso, a literatura pode nos permitir explorar esses temas de forma segura e controlada, sem o perigo real dos crimes que estão sendo retratados.

Todavia, a representação dos serial killers na literatura, embora fascinante, pode ter um impacto na percepção que o público tem desses criminosos, o que se traduz em algumas críticas a essas produções. Alguns argumentam que a glorificação desses personagens na ficção pode normalizar a violência e até mesmo inspirar imitadores. No entanto, outros argumentam que a literatura pode nos ajudar a entender melhor os motivos por trás desses crimes e a prevenir futuros casos.

Neste artigo, vamos explorar a presença dos serial killers na literatura e examinar como esses personagens são retratados em diferentes gêneros.

O que são serial killers?

Antes de começarmos a falar sobre a presença dos serial killers na literatura, é importante entendermos o que são esses criminosos. Ressaltamos que a descrição oficial formulado pelo FBI é bastante imprecisa. Em razão disso, optamos pela descrição formulada pelo National Institutes of Justice – NIJ dos Estados Unidos, que de certo modo supre as lacunas presentes na definição do FBI. Vejamos:

Uma série de dois ou mais assassinatos cometidos como eventos separados, geralmente, mas nem sempre, por um criminoso atuando sozinho. Os crimes podem ocorrer durante um período de tempo que varia de horas a anos. Muitas vezes o motivo é psicológico e o comportamento do criminoso e as provas materiais observadas nas cenas dos crimes refletem nuances sádicas e sexuais.

National Institutes of Justice. In: Schechter, Harold. “Serial Killers: anatomia do mal.” Rio de Janeiro: DarkSide (2013), p. 18.

Resumidamente, um serial killer é uma pessoa que mata três ou mais pessoas em um período de tempo prolongado, geralmente com um intervalo entre cada assassinato. Esses indivíduos geralmente têm uma motivação psicológica para seus crimes, e muitas vezes são motivados por impulsos sádicos ou sexuais.

Serial killers em romances policiais

Geralmente são retratados como vilões sádicos e perversos, muitas vezes com habilidades extraordinárias de inteligência e manipulação. Esses personagens são capazes de cometer crimes brutais em série, muitas vezes deixando pistas falsas e se escondendo no meio da sociedade como pessoas comuns.

Alguns dos mais conhecidos serial killers da ficção incluem Hannibal Lecter, de Thomas Harris, que é um psiquiatra canibal que gosta de brincar com a mente de seus perseguidores; e Dexter Morgan, de Jeff Lindsay, que é um analista de sangue que se transforma em um assassino em série vigilante à noite.

“Um assassino em série nunca é o que parece ser. Você não pode simplificá-los ou estereotipá-los. Há sempre um monstro em nós, mas você pode controlá-lo.”

Hannibal Lecter em “O Silêncio dos Inocentes” de Thomas Harris

Nesse gênero literário, o enredo das obras tende a girar em torno das dificuldades em desvendar a identidade do assassino, bem como a de capturá-lo. O confronto com esses assassinos pode levar os personagens principais dos romances a questionarem seus próprios limites morais e éticos, tornando essas histórias ainda mais emocionantes e envolventes.

Serial killers na literatura de suspense e de terror

A literatura de suspense e a de terror também são gêneros populares para a representação de serial killers. Nesses livros, os assassinos muitas vezes são retratados de maneira monstruosos ou até mesmo sobrenatural. É evidente que algumas obras podem transitar entre gêneros, o que resulta em classificações imprecisas. Contudo, tratando-se de obra sobre serial killers, alguns aspectos se sobressaem como, por exemplo, o foco no sadismo, na perversão e nos traços mais repulsivos da mente.

Aqui podemos citar “Psicose”, um romance de terror escrito por Robert Bloch, publicado em 1959, e que explora temas como a loucura, a psicopatia e a violência. A história acompanha Marion Crane, uma secretária que rouba uma grande quantidade de dinheiro de seu empregador para começar uma nova vida ao lado de seu namorado. Durante sua fuga, Marion se hospeda no Bates Motel, gerenciado por Norman Bates, um homem estranho e solitário que vive com sua mãe controladora.

Outra obra que retrata os serial killers na literatura de terror é “American Psycho” de Bret Easton Ellis. O livro segue a vida de Patrick Bateman, um banqueiro de investimentos de Wall Street que é secretamente um assassino em série. A obra explora as nuances da psique do assassino, ao mesmo tempo que critica a superficialidade e o consumismo da sociedade americana.

Serial killers na literatura de não-ficção

Além da ficção, a literatura de não-ficção também é um espaço para a exploração dos serial killers. Esses livros muitas vezes examinam os casos reais de assassinos em série, oferecendo uma visão detalhada de seus crimes e investigações. Alguns exemplos incluem “Serial Killers: Louco ou cruel?”, de Ilana Casoy; “Mindhunter”, de John E. Douglas; e “Serial Killers: Anatomia do Mal”, de Harold Schechter.

Ademais, não podemos esquecer das biografias. Dentre elas, citemos: “Serial killer(?) Eu não sou o monstro: uma biografia de Pedrinho Matador”, de Mailza Rodrigues Toledo e Souza; “Manson”, de Jeff Guinn; “Ted Bundy: Um estranho ao meu lado”, de Ann Rule; e “Killer Clown”, de Terry Sullyvan e Peter Maiken.

Conclusão

Os serial killers são um tema constante na literatura, e sua presença em diferentes gêneros mostra a fascinação duradoura que esses personagens exercem sobre o público. Embora a representação desses criminosos possa ser controversa, é inegável que a temática conquistou o seu espaço na cultura pop contemporânea.

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Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Sergipe. Entusiasta dos estudos interdisciplinares entre o Direito e a Literatura. Genealogista amador e aspirante a escritor. Tem gosto artístico, habilidade manual, gosta de desafios, é idealista, quase sempre está de bom humor e dificilmente desiste dos seus ideais.

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